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O racismo não se encerra em não gostar de negros, mas situa-se em condições estruturais que perpassam as dimensões subjetivas, políticas e econômicas. Embora ainda há pessoas que acreditem que o racismo estaria presente exclusivamente em ofensas e comportamentos discriminatórios indesejáveis dirigidos contra negros, na realidade o racismo atravessa barreiras e está inserido em muitas outras situações, costumes, instituições, oportunidades e manifestações em nossa sociedade.

Colaboradores Captativa
Giovanna Zaccaria e Mariama Tomaz: autoras dotexto e fundadoras do Comitê de Diversidade da Captativa

As discussões quase sempre adquirem aquele aspecto moralista e deixam de lado as raízes da opressão, tornando-se equivocadas em se tratando do mundo social. Por isso, é necessário escaparmos a essa armadilha e pensarmos criticamente a maneira de organização social que define como norma o “ser branco”,  e como desvio da norma o “ser negro”.

A dimensão subjetiva do racismo opera no campo das representações. Utilizar expressões como a palavra “denegrir”,  que possui como raiz raiz o significado “tornar negro” ,como se fosse algo ruim; “cabelo ruim”, referindo – se aos cabelos afro e suas características; “mulata”, termo oriundo de “mula” o animal híbrido produto do cruzamento do cavalo com a jumenta ou da égua com o jumento, para se referir aos filhos da missigenação de um dos pais branco e o outro negro; “a coisa tá preta” ao falar de uma situação ruim ou desagradável; “não sou tuas nega” que remete a lembrança de como eram tratadas as mulheres negras escravizadas… entre muitos outros exemplos reproduzidos no dia a dia da sociedade, deixando claro a normalização do racismo na cultura da nossa sociedade.

É comum vermos negros estigmatizados e estereotipados como bandidos, miseráveis, animalescos, sexualizados, alcoólatras nos programas de TV. Como consequência, os telespectadores naturalizam as condições que envolvem os negros, causando até estranhamento quando estão em posições diferentes das mencionadas. Mas, a naturalização também aparece na ausência; são poucas as pessoas que questionam a não presença de negros nas sessões do Supremo Tribunal Federal ou como formandos dos cursos de medicina.  

Estatísticas e dados nos trazem informações sobre a enorme desigualdade estrutural que vivemos: Dados de 2015 mostravram que os brasileiros brancos ganhavam em média o dobro do que os negros: R$1589, ante R$898 mensais. A taxa de analfabetismo também é maior entre os negros e os mesmo tem menor acesso ao ensino superior. Uma pesquisa da Universidade de Brasília aponta que 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por autores negros. Considerando os 10% da população com os maiores rendimentos no Brasil, 8 a cada 10 são brancos. Já entre os 10% mais pobres, a proporção se inverte: 8 a cada 10 são negros.

A representatividade na política também é desproporcional a representatividade populacional. Segundo dados do TSE nas eleições de 2018, das 1.626 vagas para deputados distritais, estaduais, federais e senador, apenas 65 (ou 4%) acabaram preenchidas por candidatos autodeclarados negros. O número de eleitos vai a 444 (27% das vagas totais) quando se somam os que se declaram pardos. No Brasil, o percentual da população que se declara negra ou parda é justamente o dobro: 54,9%, segundo o IBGE.

O racismo estrutural tem potencializado um ciclo interminável de exclusão dos negros. O tema não é leve, mas deve ser confrontado e estar em pauta sempre. Sendo um problema de estrutura da sociedade é um problema de todos, os negros e os não negros.  Não conseguiremos combater esta ordem se continuarmos a acreditar que gostar do ser negro basta para que resolvamos os problemas pertencentes às desigualdades raciais.

Dica de série: Alô, Privilégio? É a Chelsea (Netflix, 2019)

Dica de podcast: Mamilos 173 – Eu Não Sou Racista

Dica de vídeo do youtube:

TEDxLaçador. Episódio Racismo estrutural com AD Junior.

(Disponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=_cCqIYediyg)

Porta dos Fundos. Episódio Escritor Branco

(Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=2s7WTh3IzBQ)

Território Conhecimento. Episódio Brasil: um país profundamente racista com Leandro Karnal (Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=IRBrjKs6hT4)

Referências:

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/21206-ibge-mostra-as-cores-da-desigualdade

Seis estatísticas que mostram o abismo racial no Brasil

https://exame.abril.com.br/brasil/os-dados-que-mostram-a-desigualdade-entre-brancos-e-negros-no-brasil/

A sub-representação dos negros na política brasileira

Por que o índice de negros em cargos políticos é baixo?

https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/racismo.htm

https://oglobo.globo.com/brasil/pais-elegeu-apenas-4-de-parlamentares-negros-23246278

http://www.justificando.com/2019/03/25/o-encadeamento-do-racismo-estrutural/

https://g1.globo.com/economia/noticia/negros-ganham-r-12-mil-a-menos-que-brancos-em-media-no-brasil-trabalhadores-relatam-dificuldades-e-racismo-velado.ghtml

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